Período
Regencial
O Período Regencial teve
início após D. Pedro I abdicar do trono brasileiro em 1831. Como o filho dele
não poderia assumir o trono por ter apenas cinco anos, foi feita uma transição
em que o país foi governado por regentes. Nesse período, o Brasil teve uma
breve experiência de descentralização que resultou em uma série de rebeliões em
diferentes províncias.
Abdicação de D. Pedro I
D. Pedro I abdicou do trono
brasileiro em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, no dia 7 de abril de 1831.
Esse fato decorreu do desgaste na relação do imperador com a elite brasileira,
representante e herdeira do “Partido Brasileiro”, causado por suas medidas
centralizadoras e autoritárias.
Durante seu reinado, D. Pedro I impôs
a Constituição de 1824, na qual centralizava o poder
político em sua figura, prejudicando os interesses dos constituintes
brasileiros que defendiam a restrição dos poderes imperiais. Além disso, a
derrota na Guerra da Cisplatina e os
impactos dela na economia brasileira foram cruciais para a perda de
popularidade do imperador.
Por causa disso, D. Pedro I teve uma
fria recepção em Minas Gerais, o que, juntamente das brigas que aconteciam na
cidade do Rio de Janeiro entre o “Partido Brasileiro” (opositores de D. Pedro
nesse contexto) e o “Partido Português” (defensores de D. Pedro) durante
a Noite das Garrafadas, acabou por resultar em sua
abdicação.
Nessa época, o herdeiro de D. Pedro
I, Pedro de Alcântara, tinha apenas cinco anos e, de acordo com a Constituição
de 1824, estava proibido de assumir o trono até completar 18 anos. Assim,
iniciou-se o Período Regencial, no qual o governo do país ficou nas mãos de
regentes. Enquanto isso, Pedro de Alcântara foi tutorado por José Bonifácio, que o preparou para
subir ao trono.
Período Regencial
O Período Regencial brasileiro, como vimos, começou
em 1831 e estendeu-se até 1840, quando a maioridade de D. Pedro II foi
antecipada para que ele assumisse o trono do Brasil. Esse período de nove anos
pode ser dividido basicamente em:
·
Regência Trina Provisória (1831);
·
Regência Trina Permanente (1831-1835);
·
Regência Una de Feijó (1835-1837);
·
Regência Una de Araújo Lima (1837-1840).
Destacou-se nesse momento a atuação de três grupos
políticos que, ao longo da regência, foram transformando-se nos dois grupos que
dividiram a política brasileira no Segundo Reinado. Os grupos políticos do
Período Regencial eram:
·
Liberais exaltados: os liberais
exaltados eram defensores do federalismo, ou
seja, de conceder mais autonomia as províncias brasileiras. Os membros desse
grupo dividiam-se entre monarquistas e republicanos. Um representante influente
dos exaltados era Cipriano Barata.
·
Liberais moderados: os liberais
moderados eram monarquistas que sustentavam a coroação de D. Pedro II, no
entanto, defendiam a restrição dos poderes imperiais. Um
representante influente dos moderados era Padre Diogo Antônio Feijó.
·
Restauradores: os restauradores eram monarquistas
que defendiam o retorno de D. Pedro I para o trono
brasileiro. Esse grupo enfraqueceu-se após a morte de D. Pedro I em 1834. Um
representante influente desse grupo era José Bonifácio.
Durante as regências trinas, algumas
ações importantes foram tomadas, como a criação do Código de Processo Criminal em 1832 que, entre
muitas determinações, ampliou os poderes dos juízes de paz e, além disso,
determinou o uso de júri no julgamento de crimes mais graves e criou o habeas corpus – um
mecanismo jurídico que permite o réu responder por seu crime em liberdade.
Outra ação de importância foi a
criação da Guarda Nacional em 1831, que
possibilitou aos cidadãos formar um corpo armado para conter os excessos
governamentais e as rebeliões que pudessem acontecer. A jurisdição da Guarda
Nacional era municipal, e ela era composta por todos os cidadãos que tinham
direito ao voto entre 21 e 60 anos.
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A decisão mais importante tomada
nesse período foi a aprovação do Ato Adicional em
1834. Esse ato foi considerado uma vitória dos liberais exaltados, pois
promoveu uma série de emendas na Constituição de 1824 e concedeu maior autonomia para as províncias brasileiras.
Alguns historiadores afirmam que o Ato Adicional de 1834 iniciou uma breve
experiência republicana no Brasil monárquico.
Com essa medida, foi determinado que
o Poder Moderador não teria validade durante o período das regências e que o
Conselho de Estado do Imperador seria abolido. A mudança mais importante
permitiu o surgimento de Assembleias Provinciais,
as quais teriam atribuições que até então não existiam. Assim, foi permitido,
por exemplo, que as províncias criassem impostos locais e nomeassem e
demitissem funcionários públicos.
A delegação de maiores poderes para as províncias
brasileiras fortaleceu as disputas políticas locais, e isso contribuiu
consideravelmente para que uma série de rebeliões provinciais acontecesse.
Essas rebeliões possuíam motivações específicas relacionadas ao contexto
político-social da própria província.
As principais rebeliões provinciais
que aconteceram durante o Período Regencial foram: Cabanagem, Balaiada, Revolta dos Malês, Sabinada e Revolta dos Farrapos. No entanto, outros movimentos do tipo foram
deflagradas em diferentes partes do Brasil, como a Cabanada,
as Rusgas Cuiabanas, Revolta das Vassouras etc.
Regências Unas
Com a aprovação do Ato Adicional em
1834, também foi determinada a substituição da regência trina por uma regência una. A escolha do representante da regência
brasileira foi feita em eleições que definiram o Padre Feijó como primeiro regente do Brasil. Padre
Feijó manteve-se na função até 1837, quando renunciou ao cargo, forçando novas
eleições. Entre as possíveis causas de sua renúncia, estavam as pressões
políticas e problemas de saúde.
As novas eleições determinaram a
vitória de Pedro de Araújo Lima como
segundo – e último – regente. Durante o período da regência de Araújo Lima,
aconteceu o conhecido “regresso”, que caracterizou o
crescimento da ala dos conservadores na política brasileira. Com isso, algumas
medidas em vigor, como a descentralização do poder, foram revertidas.
Nesse período das regências unas, consolidou-se uma importante modificação no quadro político brasileiro. Os grupos políticos sofreram mudanças e foram redefinidos como liberais e conservadores. O primeiro era formado pela mescla de moderados e exaltados, e o segundo era formado por moderados e restauradores.
Durante a regência de Araújo Lima, as
revoltas provinciais foram reprimidas com extrema brutalidade. Os destaques
dessas revoltas podem ser feitos para a Cabanagem, que
resultou na morte de 30 mil pessoas, e para a Balaiada, na qual
morreram 12 mil pessoas. O citado retorno da centralização política ocorreu
nesse período a partir da Lei Interpretativa do Ato
Adicional, decretada em 1840.
A ascensão política dos conservadores fez com que os liberais criassem um discurso político que defendia a antecipação da maioridade de D. Pedro II, para que ele pudesse assumir mesmo com menos de 18 anos de idade. Esse discurso foi aceito pela elite econômica e política do país que promoveu o conhecido Golpe da Maioridade. Assim, em 1840, a maioridade de D. Pedro foi antecipada e ele foi coroado com apenas 14 anos. Esse fato marcou o início do Segundo Reinado
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